sexta-feira, 12 de junho de 2015

Apenas fale comigo - (Depois de um sonho)

- Não, não quero mais falar com você – Ela estava ficando com raiva, mas existia uma tristeza em sua fala como se em algum momento ela fosse desabar e começar a chorar.
- Eu preciso que você me escute ao menos isso. – Ele se aproximava devagar, sabia que não podia deixar para depois, aquele era o momento de colocar tudo para fora e resolver a situação.
-Não, eu não quero... – ela respondia com menos força do que das primeiras vezes.
Ela encostou na parede com a lateral de seu corpo, escondendo o rosto, seu cabelo caia um pouco sobre seu rosto, seus olhos tinham uma mistura muito perigosa de raiva e dor.
Ele se aproximou e com sua mão tentou puxa-la para mais perto, ela se recusa e ele se contentou com apenas deixa-la de frente a ele, ela não o olhava apenas alterna entre alguns “não’s” e se desvencilhava sempre que ele tentava tocar seu rosto ou sua mão.
Tudo aquilo já era demais, não adiantava mais fingir que nada tinha acontecido, ou que não era o momento certo para terem uma conversa, e por mais errado que fosse aquele momento, ainda precisava acontecer, ou ao menos era o que ele ficava repetindo para si mesmo.
Ele então parou, deu um passo para trás, e deu um pouco de espaço para ela, que com essa ação, se endireitou e o olhou, seus olhos um tanto vermelhos, suas mãos segurando os próprios braços, como se tentasse se fechar para toda aquela situação.
Depois de alguns segundos se olhando, ele respirou fundo mais uma vez e começou a falar:
- Olha eu sei o que passa pela sua cabeça, eu sei o que você sente, eu só quero que você seja sincera comigo.
Mais uma vez ela baixou seu olhar, e em resposta ele levemente tocou seu rosto, agora coberto por mechas de cabelo, ele a olhou novamente nos olhos e decidiu continuar.
- Você ama ele... tudo bem, mas apenas me diga... eu sei de tudo o que aconteceu... ele é importante para você? – suas mãos tiravam os fios que ainda restavam sobre a face dela, e logo uma mão estava sobre o braço dela, e a outra insistia em tocar-lhe o rosto, era como se ele precisasse senti-la, ter qualquer confirmação de que aquilo estava acontecendo de que ela o estava ouvindo.
- Mais que droga, eu gosto de você, e eu percebi que não estamos em sintonia... para você é diferente... eu apenas preciso que você fale comigo...
- Porque você fica dizendo isso?  - ela finalmente falou, mas sua voz ia começando a sair com dificuldade, a qualquer momento ela podia começar a chorar.  – Você fica colando essas palavras, como se eu tivesse dito... e como se...
Ela apenas a olhava, com um pouco de surpresa.
-Eu nunca disse nada disso, e eu não quero dizer, eu não preciso dizer nada disso – ela continuava como se tivesse tomado folego para dizer apenas essas palavras, e as próximas vieram num tom mais baixo.
- Eu amo você – Ela falou, e uma lagrima desceu por seu rosto. – eu te amo...
- Mas eu.... – ele realmente pensou em iniciar sua fala novamente, mas apenas falou – Eu te amo muito, é sério, eu realmente preciso de você, eu quero significar mais, quero ser importante para você, quero estar com você... eu apenas te amo.
Seus olhares carregavam um tipo de culpa, ansiedade e confusão. Era assim que suas mentes estavam; uma mistura de emoções e sentimentos e muitos deles tão contrastantes, a raiva que ela sentia por ter evitado aquilo até aquele momento, e raiva dele por ter insistido tanto em ter aquela conversa, mas estava tão feliz por conseguir responder claramente e sem dúvidas em seu coração.
Apenas mais algumas palavras foram ditas, mas dessa vez ao mesmo tempo e com a respiração descompassada:
- Eu te amo – Os dois se olhavam enquanto as palavras eram desenhadas por seus lábios.
Ele tomou a iniciativa, sua mão descia pela nuca dela, e a outra envolvia sua cintura, enquanto as duas bocas seguiam buscando uma a outra, numa beijo que tinha tanta paixão, que parecia que eles haviam esperado uma vida para consumar aquele ato.

De longe, eles eram apenas mais um casal, ela com os braços em volta do pescoço dele, e ele a segurando pela cintura, intercalando beijos, sorrisos e olhares, que finalmente só transmitiam alegria, mesmo com as lagrimas que insistiam em percorres suas faces.

Bruno P. Trajano