sábado, 31 de dezembro de 2016

Os Melhores do Ano "Musica": Dicas de tudo o que me fez bem!

Nesse clima de fim de ano, e todo o lance da Retrospectiva, acho que cabe aqui eu fazer minhas listinhas de melhores do ano. Mas ai me surge um problema, muito do que eu consumi, não veio necessariamente desse ano, afinal já confessei antes que to muito atrasado na minha lista de leituras, e ainda mais as séries...olha, dificil ein. Mesmo assim, farei um pequeno esforço pra listar tudo aquilo que me fez bem esse ano. Tudo aquilo que foi muito bom de consumir. E claro espero que se você não conhecer dê uma chance para as dicas, e se já for familiarizado, vamos conversar sobre.
Vou dividir essas listas por categorias como musica, séries, filmes, livros e quadrinhos, 
E pra começar, vamos com Musica:
Aqui vou indicar Albums que ouvi, e to ouvindo até agora.
(Clicando no nome do album você abre o link para o cd completo no spotify)

 Esse é o album de estéria da Aurora, cantora e compositora Norueguesa. Ela traz em suas musicas elementos orquestrais, letras poderosas, um pouco de pop, e aquela cara de trabalho "indie/alternativo".
Caramba, como eu adoro as musicas desse disco. As letras tem tons introspectivos, mas ainda assim conseguem soar bem pop e pra cima em algumas faixas. É impossível assistir um vídeo dela se apresentando e não sentir a energia e a verdade que ela imprime ao cantar. 
Olha só o que ela falou sobre o álbum : 
"Muitas das músicas não são sempre de minhas experiências, mas são sobre aceitar... as coisas obscuras sobre si mesmo. Você simplesmente tem que aceitar que seus demônios são uma parte de você. Você tem que aceitá-los como seus amigos. Você briga com seus amigos. Você fica chateado, você ainda ama eles, você faz eles chorarem e eles fazem você chorar também."


As musicas da Aurora tem aparecido mais e mais, em obras atuais: trailers, filmes e séries. O ano tem sido ótimo para a cantora, em relação a todo o reconhecimento que tem recebido, e por ser uma estreia tão promissora. Nem preciso falar muito sobre os videoclipes, sério, faça um favor a si mesmo, e assista a todos.


Enfim, só resta dizer que adoro demais essa moça, e já aguardo por mais trabalhos dela.
ps: Tem muito mais que eu gostaria de falar sobre a Aurora, por isso prometo, em outra oportunidade, fazer um especial só sobre ela e as musicas que mais gosto e etc. indicando melhor. 

(O disco é de 2015, mas conta mesmo assim, afinal alguns videoclipes saíram esse ano, e são muito bons.)
O Melhor da Melanie, é que ela constrói um álbum que tem um conceito muito único. Ela possui um visual meio "gotic lolita". E traz pro cd o visual e tons infantis, sons de brinquedos antigos, mas com uma temática mais suja ou sombria, que fala de problemas cotidianos, famílias disfuncionais, relações abusivas, a busca pelo "corpo perfeito" vendido pela mídia, entre outros assuntos. E o genial é que isso tudo é contado usando esse visual "infantil" como metáfora,( outras vezes de forma direta mesmo). 
O som da Melanie ainda é pop e com batidas eletrônicas muito gostosas de se ouvir; mas ela não deixa de mostrar suas influencias do mundo indie, alternativo e do folk. De um modo geral o que mais atrai na Melanie é que ela tem seu estilo, e o explora ao máximo, trazendo uma verdade muito positiva para o seu trabalho.
#3 - Blurryface - Twenty One Pilots
Mais um trabalho de 2015 que estourou esse ano. Indicar eles fica chato quando todo mundo já aceita que eles são muito bons. O "Duo" americano, foi indicado ao grammy, tem trilha sonora em filme Blockbuster, foram nomeados a "banda" de rock do ano, ou seja, estão no topo atualmente. 
Mas a verdade é que eu ouvi todos os álbuns deles esse ano e tenho musicas favoritas em todos. Um grande diferencial da dupla é o quão ecléticos eles conseguem ser, eles tem uma pegada rock, passam pelo rap, em algumas musicas fazem um folk muito bacana; enfim, é dificil não apreciar a qualidade musical deles. E se falarmos das letras então... 
Enfim mais um pra você ouvir, e seguir ouvindo, mostrar pros amiguinhos, e ser feliz.
(Ok, mais um de 2015, mas você já entendeu que essa lista é sobre o que mais ouvi esse ano. Prometo que na de livros, vai ter mais lançamentos de 2016)

É dificil falar de OMAM (Of Monsters and Men), porque eles tem um som que eu simplesmente gosto, adoro, amo, ouço direto... 
Eles são uma banda de Folk Rock Islandesa...
E tem um som muito bom, abusando do violão e batidas leves, mas muito bem cadenciadas que fazem com que a voz se sobressaia sobre tudo...
E que vozes viu! 
Nas versões ao vivo então...
Enfim, vai por mim, Não vou me alongar nesse texto, você realmente precisa ouvir.

ps: Sobre essa banda, com certeza vai ter texto especial, com musicas favoritas, versões acusticas e tudo o que tem direito.










Esse está aqui pela qualidade que faz com que seja impossível passar despercebido. Ao ouvir rapidamente, você é levado a outros tempos do Brasil, é remetido a artistas como Ney Matogrosso, e é inundado por uma "energia regionalista". 
É difícil falar de Johnny Hooker, sem dizer que ele representa algo importante para a musica brasileira,  o seu trabalho foge de gêneros e ritmos(clichês) que hoje dominam o mercado; mas ainda assim ele é muito apreciado por publico e critica. E sua obra é genuinamente brasileira.
Com letras muitas vezes "sujas", e cheias de amores não correspondidos ele merece estar nessa lista, por que você precisa conhecer e ficar de olho.





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Bem, existem muitos outros artistas e musicas que gostaria de indicar. E por isso to preparando uma playlist no spotify só pra isso. E tambem uma no youtube. 
Se não conhecia esses artistas, dê uma chance, descubra sua musica favorita e vamos conversar mais e trocar indicações.

ps: Pra menções honrosas fica ai uma lista muita rápida de musicas que você pode gostar:

https://play.spotify.com/user/22hhi6azbhhih2wfyio7ckimi/playlist/0PbVDqoKQXWupkbWz4TlLJ

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Dica de Série: Luke Cage

Oook.. Vamos falar rapidamente de Luke Cage?
Você já deve ter ouvido falar em algum lugar da internet da série do Luke. Mais uma adição ao universo Marvel-Netflix. Luke Cage ganhou nesse ano(2016) sua própria série, depois do sucesso ao aparecer na série da Jessica Jones. E se você já assistiu as outras séries desse "universo", como Demolidor e a Jessica..., você sabe que existem certos problemas comuns a todas elas, mas também tem coisas muito boas. 
Então vou te dar mais motivos pra se convencer de vez a assistir, e quem sabe coisas para dar atenção enquanto assiste.
Mas antes, já vai clicando na playlist e entrando no clima:










Então vamos a uma sinopse rápida:
"Um ex-presidiário com pele indestrutível luta para limpar seu nome e salvar o bairro onde vive. Ele não queria confusão, mas a população precisava muito de um herói.
(Sinopse da Netflix)
[O que dizer dessa sinopse que é tão simples que me faz querer assistir de novo o primeiro ep?]
Bem não poderia ser mais simples, Luke Cage tem poderes, mas ele é negro, com problemas com a lei. Ou seja esse lance de herói não é algo simples, muito menos almejado, afinal quanto menos chamar atenção, maiores as chances de continuar "sem problemas".
Depois dos eventos de Jessica Jones, Luke quer recomeçar: novo bairro, um emprego pra se sustentar, e só manter a "cabeça abaixada" para continuar vivendo. Mas quando alguns problemas  batem a porta, e ele vê que pode e precisa agir.
A ideia é bem simples, e isso já vai entrar para a lista dos:

Pontos Positivos:
*Uma ideia simples. - Simples sim, e isso é muito bom, é uma primeira temporada, então vai ter historia de origem e toda uma trama se desenvolvendo. Mas dificilmente você vai se encontrar perdido, ou tentando entender o que ou para que tudo está acontecendo. (não é mesmo senhor Demolidor  e seus ninjas malucos?)
*Representatividade - Sim, mais série que não tem medo de tocar na ferida, vamos falar de Negros sim, e de todos os preconceitos, esteriótipos e problemas que vão se repetindo no dia a dia. Mas aqui vale uma observação, Luke Cage faz isso de forma agradável, pois ele não cai naquele probleminha da representatividade partidária e excludente. Aqui o importante é abrir os olhos para os dilemas, e mostrar que se você deixar de ser "babaca" dá muito bem pra se construir uma sociedade boa.
* Ação, surpresas e dramas - Ainda estamos falando de uma série de super herói, e por mais que ele negue (e a negação cansa), temos elementos muito bons construindo o universo, personagens se desenvolvendo, vilões sendo explorados, e o nosso herói se transformando e crescendo.  Claro que não é perfeito, mas ainda assim quando você para pra pensar se a historia valeu a pena, a resposta é sim.
*Referencias - aiai, a melhor parte de ser nerd, e conhecer/gostar do mundo dos herois é poder reconhecer essas referencias, e se animar por coisas que podem vir, ou por coisas que você não pensou que estariam lá e de repente: pá, olha lá ele vestindo a roupa clássica. O melhor aqui, é que tem referencias as outras séries, bem como "crossovers" com personagens se encontrando.
*Trilha sonora, alguns elementos técnicos, e o estilo Netflix - A trilha sonora, espero que você já tenha dado play, mas se não, saiba que vale muito a pena, ver musica negra(dos EUA) sendo tocada e com um contexto tão interessante. Uma pequena ressalva, é que sim, como as outras séries, aqui tem muito coisa acontecendo de noite, no escuro e fica dificil, mas é muito melhor que Demolidor( sério, os ninja de preto, num quarto escuro, eu não exergo gente), Aqui não existem muitas cenas de lutas muitissimo elaboradas então é tranquilo, mesmo quando tá de noite nos "beco da vida". Ah, e a netflix libera todos os ep, então da pra maratonar.

Mas vamos aos problemas? os:
Pontos Negativos:
*13 episodios que podiam ser 10 ou 8 - É, esse é um problema recorrente a todas as séries de herois da netflix,  mas isso só é um problema mesmo, quando você sente que nada aconteceu, e nada vai acontecer segundo aquele ep. Em Luke Cage, os maiores problemas foram nos 
*Exageros e repetições. - É claro que é legal exagerar numa série como essa, mas ai você fica sem nivel, (como no caso da jessica jones, que a cada ep ela tinha uma força diferente), aqui o Luke, mantem um ritmo ok, mas alguns deslizes são estranhos. E caramba, como algumas ideias são repetidas, vilões no geral são chatos, mas aqui todo mundo tem seus momentos: A policias que que tem memoria fotografica, a politica que não quer o crime, mas vive dele, o heroi que não é heroi... enfim, cansa.
*Loucuras e Incoerências: Vou ser direto aqui, sim eles construiram um vilão bom, com motivações, loucuras e elementos vindos dos quadrinhos muito legais de se assistir, mas talvez por ser tão longa, você percebe coisas que não fazem sentido para o que foi proposto. Muitos elementos das historias de todos os personagens tem contradições, e o problema maior nisso é que se tirassem os elementos que geram essas contradições, o personagem seria igual ou melhor.
*É bom, vira ok, fica ruim, volta a ser bom, e termina quase gratificante. - Essa é a curva de Luke Cage, os primeiros ep são bons, as vezes estranhos, mas bons. Depois vai ficando meio ok, meio chato, ai por uns dois ep vc vai tendo raiva, Mas os ultimos ep salvam bastante. E como dito, a experiencia beira o gratificante. 

Hehe, È isso, a série é boa. E vale a pena, dê atenção as discussões propostas, aproveite a imersão naquela realidade, e se divirta com uma boa série de Herói de HQ.



quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Dica de Livro/HQ/GraphicNovel : "Quem matou João ninguém?" -

E ai eu li “Quem matou João Ninguém?” ...
(Momento confissão:
Então, ganhei ela faz um tempinho, desde agosto que era pra eu ter lido e escrito alguma coisa... Sim de fato. Eis uma verdade, eu já devia ter feito há muito tempo... Mas é a vida, e você não sabe o quão bagunçada anda minha lista de leituras...)

... a Graphic Novel de Zé Wellington, Wagner Nogueira e grande elenco. (rsk.)

[Eu explico o “grande elenco” ok?! O roteiro é uma ideia do Zé e trabalhada com o Wagner ao longo de um tempinho... O fato é que os dois trabalharam a ideia até ela se transformar na maravilhosa HQ publicada pela Editora Draco. Mas isso não foi fácil pois existiam prazos a serem cumpridos, ideias divergentes entre outros problemas, e isso fez com que fossem chamados outros colaboradores para fazer a bela arte dessa história. Viu? Uma explicação simples! Claro que isso é melhor explicado nas notas introdutórias da HQ, Então sem stress, você compra a HQ , curte uma ótima historia/arte e ainda fica por dentro de "bastidores", sem depender de minhas explicações "simplistas".]

Mas do que se trata a HQ?
vamos lá:
Esta não é uma história em quadrinhos de super-heróis convencional. Para começar, ela se passa no Brasil, no Morro de Santa Edvirges, comunidade pobre que poderia estar em qualquer grande metrópole do país. Como em qualquer favela, em meio a todos os problemas sociais, existem pessoas que tentam tocar suas vidas da melhor maneira possível. Entre elas, os garotos João, Roberto, Sandro e Nina.
Cercados pelos conflitos do tráfico de drogas, os amigos crescem, seguindo caminhos diferentes. Até que um violento assassinato desencadeia uma sequência de eventos que pode alterar a vida de toda a comunidade. E tudo pode mudar ainda mais, para o bem ou para o mal, quando entra em cena o Sujeito-Homem, um vigilante aprendendo que as regras do heroísmo no Brasil podem ser bem diferentes do que ele estava acostumado a ler nas histórias em quadrinhos.
Prestando homenagem ao legado dos super-heróis das HQs, Quem Matou João Ninguém? é uma graphic novel sobre amizade e traição criada por Zé Wellington e Wagner Nogueira, e ilustrada por Wagner de Souza, Cloves Rodrigues, Ed Silva, Alex Lei e Rob Lean. 
Ual ein?!
Então temos uma HQ que homenageia super heróis, ambientada em uma favela no Brasil, que aborda a vida de jovens comuns e suas lutas para seguir vivendo, aceitando o que vier ou lutando como podem, para alcançar o próximo nascer do sol.
Tirando o fato de essa ser uma obra muito relevante/importante, existem elementos que tornam a leitura muito prazerosa. A exemplo das referencias, cada leitor tem seu próprio background e pode se familiarizar com um aspecto diferente da HQ, desde a Arte (que muda a cada "capitulo") passando por elementos que encontramos no dia a dia, e chegando nas referencias e citações a "coisas" da cultura pop.
A forma que a historia é contada, é um acerto e tanto. Passeamos pela vida dos 4 jovens e todos a sua volta, e percebemos que todos eles tomaram caminhos muito diferentes, e isso é mais que normal, porém, difícil de aceitar. É necessário um pouco de maturidade para um dia chegar a ver que a sua "verdade" não é universal, e que a vida de todos tem altos e baixos e todos estão "tentando" a sua própria maneira. 
Nessa Graphic Novel, não seguimos um Herói perfeito, que vai salvar o dia, salvar seus amigos e etc. Em alguns momentos pode-se até questionar suas habilidades "salvadoras". É verdade também que no inicio o que ele mais quer é "se salvar".
Muitos e muitos elementos dessa historia são realmente bons. O espelhamento com a realidade, os tons de Drama, as dose de aventura/ação, as reviravoltas, as referencias, e é claro a grande indagação: "Quem Matou João ninguém?".

Falando em indagação, este é outro ponto positivo para essa obra, ela não acaba quando termina. (oi?)
O que quero dizer é que ela pode gerar muitas "indagações". Ela desperta aquela vontade de discutir, de apresentar suas opiniões e posições, e ver o que os outros acharam.
Enfim, está mais do que recomendada essa grande obra. Então vamos aos pontos pra não ficar grande dmais.




Pontos Positivos:
* -   HQ Nacional de alta qualidade. Mais do que isso, Roteiro do Zé Wellington, um Cearense, pra lá de gente boa, la de Sobral. ( Não é por nada não, mas o homi se garante viu!) E todos os profissionais que trabalharam na arte e na obra como um todo, estão de parabéns. Reafirmo: Um trabalho de muita qualidade.
*-  Historia envolvente, e muito dinâmica.  Por ser uma HQ, muito também é contado pelas imagens, sem falas ou longas explicações do autor. As coisas acontecem e você segue pois precisa saber o que está acontecendo, o que rolou antes e o que vai ser agora.
* - Tem um titulo muito bacana. Pois é, como todo bom titulo, ele só se explica no final, e o que é melhor, no meio da historia você já nem está focado em saber quem é o assassino. Mas calma, você recebe sim sua resposta.
* - Elementos fantásticos e a realidade da favela, geram uma boa "fantasia urbana". Claro que é uma hq de super herói, então você já chega esperando ver raios saindo pelos olhos do mocinho enquanto ele luta contra os demônio tudo. Mas calma, de novo, não é bem assim, a historia é bem "pé no chão", e como falado antes, aqui temos uma junção de vários elementos que homenageiam o gênero, (com direito a "super vilão explicando o plano final"), então temos sim, elementos fantásticos mas eles não te tiram daquela realidade. (Sem contar que o melhor presente é o pequeno "aaah..mas..." que a gente solta de vez em quando, fazendo a gente questionar o que "entendemos" daquilo tudo...)
* - 
Pontos Negativos:
* - Ela é econômica. Expressão esquisita, eu sei, mas como falei, muito da historia é contado só com as imagens, é falado sem palavras. Outros aspectos também são deixados para que o leitor "perceba/entenda". Penso que não faria mal alguns aprofundamentos em momentos da historia...( claro que isso não é bem um ponto negativo, mas eu precisava de algum né...)

Pois sim.
Só apresentei 1 ponto negativo, que nem é lá essas coisas, porque mesmo aquilo que me deixou um tanto frustado enquanto lia, não são pontos negativos de verdade, são coisas de percepção, de se sentir com a leitura, e se a obra desperta isso, é muito bom. O que quero dizer é: Sim essa obra vale muito a leitura e apreciação como um todo. Não falei muito mas espero que te desperte curiosidade para ler ou ao menos procurar conhecer.
#FicaADica. Boa leitura.
Links:

ps:
Talvez eu ainda volte para falar dela e de outra obra do Zé, mas quem sabe em audio ou video. Então tudo o que não foi falado pode ser abordado. Com spoilers quem sabe...
ps²: Dá pra comprar direto com o Zé, da pra comprar pela editora, pela Amazom , por tudo que é canto. Então compra, os links tão todos por ai (pelo texto).

ps³
Só queria dizer que ficou linda na minha estante.
Ah, e procura tambem o outro trabalho do Zé, a HQ Steampunk Ladies - Vingança a Vapor.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Dica de Livro: As Crônicas dos Kane





O que dizer dessa Trilogia do Tio Rick¹ que mal acabei de ler, e sempre amei...

(amar é uma palavra forte? claro que é! Mas é quando a gente ama que a gente releva os problemas né...)
Comecei a ler o primeiro livro "nem lembro em que ano", mas só li o livro 3 esse ano (esse mês né).
E por isso acho que já da pra ir ao principal:
Sim vale muito a pena ler!
Bem, esse texto vai ser bem curto, e por isso vamos lá ao principal falando dos:

#Pontos Positivos:
- Ter essa abordagem da mitologia egipcia é algo muito bom. 
(Tem quem reclame, por ser um conteúdo muito infanto juvenil, uma aventurazinha, e tal e coisa... Mas sejamos práticos, o contato introdutório que tivemos² com mitologia grega muito se deve a disney com as animações do Hércules ou a série/filmes do Kevin Sorbo [que é Fod@, boa demais] então não da pra achar ruim que novas gerações descubram essas mitologias através de livros como os do Rick Riordan)
- A historia te prende. 
Você vai sentir raiva, ansiedade, vai chorar, vai rir, e pronto você vai estar vivendo essa aventura. Riordan escreve de maneira muito fluida, e as trocas de personagens narradores te ajuda a não cansar da trama.
- Personagens cativantes
A historia é contada pelos dois protagonistas irmãos Sadie e Carter, mas você certamente vai se apaixonar por muitos outros personagens que aparecem ao longo dos livros. Vai na fé, #DicadeAmigo.

#Pontos Negativos:
(aqui é assim falo bem, falo mal, falo errado... eu falo [escrevo no caso])
- é um infanto juvenil
parece estranho falar assim, mas o problema aqui é que em vários pontos da leitura ficava bem claro para onde as coisas estavam se encaminhando, mas os narradores/personagens ficavam bancando" os bobões achando tudo muito surpreendente, muito confuso, muito maluco...
Porr@ cara, você é um Mago,Semideus, com sangue de faraó, que tem o avatar de Hórus, isso já é insano, o que vier é lucro, para de palhaçada e aceita! Palavra chave de hoje ACEITE!
(Meio exagerado o desabafo? Sim de fato, mas só quero que fique claro, que muitas vezes fica chato quando o personagem fica encrencando com coisas que você sabe que são bobas, e isso é só um recurso do escritor para tirar sua atenção do principal, para que quando chegar o momento certo você leitor talvez se surpreenda.)
Enfim, o problema aqui é o didatismo, tudo acaba sendo muito bem explicado e talz, o que é comum pra esse tipo de leitura, mas em outros livros isso não fica chato.
- E só ...
Bem, aparentemente não tenho muito mais criticas a fazer, o principal é o que já falei, e isso é totalmente relativo. Então a mensagem final é: Leia As Cronicas dos Kane e Aceite esse bombardeio de abordagens e releituras mitológicas que o o Tio Rick traz pra gente.


¹ - Tio Rick, é como alguns do Fandom chamam o Rick Riordan autor dos livros das Sagas do Percy Jackson e dos Herois do Olimpo, além das Cronicas dos Kane e mais recentemente Magnus Chase e os deuses de Asgard.

² - Eu falo tivemos, em referencia a minha geração, quem cresceu nos ano 90 ou anos 2000, e teve contato com as animações do hércules ou os filmes estrelados pelo ator Kevin Sorbo, que também estreou a série do Hercules. Se não conhece, dá uma chance, acho que vale a pena.

domingo, 23 de outubro de 2016

Tem algo sobre o teu abraço, que nunca fui capaz de explicar,
Então, perdoe essa tentativa, se ela falhar.

Teu olhar sempre traz consigo um complemento,
que preenche meu coração,
Teu sorriso, e toda alegria que consegues compartilhar com ele,
mesmo aquele que disfarças,
mesmo aquele que tenta ser abafado,
mesmo aquele carregado de rubor.
é como se com ele nunca pudesse existir sozinho
e me convidas com o olhar a partilhar do teu riso.

Perceba, que é provável que eu realmente falhe nessa narração,
afinal me desvio da proposta inicial a cada estrofe terminada.

Teu abraço,
Para mim é um acontecimento, eu ouso lhe revelar,
o movimento, a pressão aplicada no encontro dos corpos,
o perfume, a energia, o sentimento,
o silencio, as palavras quase sussuradas,
e toda boa lembrança que desperta em mim
toda vez que volto a poder te sentir comigo.

Que tarefa essa, tentar explanar assim, sentimentos e pensamentos que me povoam,


terça-feira, 18 de outubro de 2016

A fotografia me trouxe uma memoria, uma memoria de sua risada, seu jeito alegre e sobre como era bom podermos rir juntos...
ao pensar sobre isso, decidi refletir um pouco mais sobre o sorriso dela, e sobre todas as vezes que o vi se formando. Ao lembrar sorri junto, quase involuntariamente. Em todas as vezes que os vi, seu sorrisos, sempre foram tão sinceros, e tão carregados de uma energia que eu só pude me sentir grato, por poder apreciar. Sem duvida alguma existe uma beleza poética sobre o seu sorriso.
Mas então algo me chamou atenção, uma memoria me veio, e se repetiu em mim, me fazendo mais uma vez ponderar...
Eu sei, assim como outros também sabem, que sorrisos as vezes escondem e disfarçam lágrimas, e evitam, ou ao menos ajudam a mascarar as dores passadas, e as angustias que nos poluem a mente.
O sorriso dela, sempre foi sincero, mas nessa memoria, eu me vi, questionando e um tanto preocupado, em saber do quanto daquele sorriso, não lhe surgiu como um recurso de defesa. Me prendi nessa lembrança, e recordando achei perceber minimamente, um momento, quando sua mente se turvava como água, e isso acabava refletindo em seu rosto, seu semblante mostrava alguma preocupação, seus olhar ficava levemente longe. Mas logo essa expressão mudou, e novamente seu sorriso se acendeu. Como se magicamente ela tivesse afastado tudo de ruim, e voltasse apenas a ser como sempre fora. Seus olhos se estreitaram e seus lábios desenharam aquela forma, que já me era tão familiar. Um perfeito, sorriso brilhante surgiu.
Como um farol que brilha sua luz a fim de guiar e trazer esperança a navegantes no escuro. Seu sorriso guia os sentimentos, e atrai mais sorrisos, para compartilharem de sua alegria.
Eu agora, apenas posso imaginar, tudo o que povoa seus pensamentos e todos os motivos que poderiam levar sua mente a se perturbar. Poderia ainda, tentar adivinhar quantas vezes seu sorriso cedeu lugar a tristeza, e quantas vezes ele surgiu apenas para que ela não mais lhe fizesse chorar...
Mas o que eu gostaria mesmo, nesse exato momento, é poder lhe dar motivos sinceros, para sorrir. Gostaria de poder presentear de volta, um pouco da luz que seu sorriso acende. Gostaria de rir junto e compartilhar sentimentos.
E quem sabe, mesmo que fosse primariamente para distanciar a tristeza, voltar a fazer seu sorriso poeticamente lindo, mais uma vez brilhar.

sexta-feira, 14 de outubro de 2016

terça-feira, 27 de setembro de 2016

Houve silencio.
Quase que absoluto.
Quase,
pois haviam ruídos em minha mente,
e muito mais coisas se empilharam,
pressionando,
protestando,
sofrendo,
com o silencio.
Mas não houve nada,
só o silencio.

Eu não encontrei uma razão para ele,
Motivos?
organizados por ordem de importância.
Razão, não.
Pois isso, pediria que racionalmente,
eu finalmente explanasse tudo o que se amontoa na mente,
E isso quebraria um silencio compartilhado.

Quando o silencio chega,
e você não se vê digno que quebra-lo,
existe uma espera, a fim de que a outra possa encerra-lo,
Mas não aconteceu.
Apenas houve silencio.
E ele doeu como deveria,
Por bem mais tempo do que gostaria,
De um jeito que nunca achei que suportaria.

Quando houve o silencio,
minhas janelas se fecharam,
os cômodos ficaram escuros,
e isso não doeu tanto no inicio,
pois achei que a luz seria forte
 e passaria por entre as frestas,
mas não aconteceu,
e o silencio permaneceu.

Os dias se passaram,
e meus olhos passaram a sentir dor,
coma intensidade da luz.
Me mantive de novo no escuro,
evitando contatos.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Dor

As dores me consomem hoje,
Tomei o necessário para suporta-las,
mas tenho medo de me livrar delas completamente,
pois quando meu corpo não gritar tão ferozmente,
quando os analgésicos permitirem que minha mente se acalme,
sei que acabarei sendo tomado pela dor de minha alma.

Eu sorri por instantes,
quando vi que movimentar o braço me causava dor,
Em minha mente aquilo era bom,
era preciso.

Senti o incomodo,
progrediu para dor intensa,
me prejudicou em tudo que pretendia fazer,
tomei as drogas recomendadas,
a dor aliviou, e quase sumiu.

Esse é o ritual que ansiava que se repetisse,
mas as dores do coração não passam,
elas progridem na alma,
e não doem com o movimento,
e sim com o pensamento,
Então como parar de pensar?

sábado, 17 de setembro de 2016

dores de saudade

Tomei todas as drogas que podia,
tentando acabar com  dor,
Mas nenhum analgésico alivia o que sinto,
Eu comecei a perceber que a dor em mim
já não era física,
A dor vem, sempre que sinto tua falta.

Estar no teu abraço me fazia sentir tão bem,
Fechei os olhos tentando trazer essa memoria,
Fiquei tão nervoso, quando nada veio.
Eu comecei a lembrar,o momento se repetia em minha mente,
Mas ainda não sentia,
nada vinha.
A dor se intensificou,
e escorreu pelo meu rosto,
Os olhos ardiam tanto,
E então consegui sentir.

Quando te abracei, 
O fiz tão lentamente,
 acreditando que duraria mais tempo,
Eu só queria que o mundo me deixasse te ter,
que o abraço não tivesse que acabar;
E você me apertou mais forte,
Estávamos recomeçando algo que nem tinha terminado.
Senti teu cheiro,
e o arrepio percorreu de novo minha pele, 
Eu tinha você comigo,
E naquele momento eu era completamente seu,
Nem falamos nada.
Apenas sentia como aquilo era bom.

Mas sua voz veio a mim,
E eu não consegui falar nada,
E então senti de novo tua falta, enquanto se despedia.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Pareciam Urubus

O que eu vi eram urubus,
eles ficavam indo e vindo,
bicando, chutando, cutucando
observando, instigando, esperando,
voando, gritando, pousando,
remexendo, em toda aquela bagunça recém criada.
Não, não estavam errados,
Isso era o que eu via,
era apenas o que eu via;
animais ansiosos, agitados,
com seus gritos, e suas afobações,
que podiam ser confundidos com qualquer coisa,
dor, raiva, indignação,misericórdia,  satisfação, curiosidade...
Eu vi animais,
sobrevoando uma carcaça,
e eu me senti mal;
eles não viram nada,
apenas a vida sendo como sempre foi,
e provavelmente sempre será.
( E ficaram satisfeitos com isso)

quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Cabeça baixa. Caminhar rápido, o mais rápido que pudesse dar, enquanto tentava não ser notado. A postura não negava seu desconforto. Braços colados ao corpo, apertando a alça da mochila contra o ombro. A chinela não queria ficar no pé, tinha quebrado de vez. Ele só queria chegar na rua de casa, aquilo lhe bastaria pra tirar o calçado do pé, e correr pra casa, lá ele tentaria ver se outro prego funcionaria, mas no fundo sabia que não era mesmo uma opção; só que jogar fora também não.
- Droga. - Lembrou que o lápis e a caneta não estavam mais com ele. Tinha emprestado. Tinha emprestado? Certeza que não iam mais aparecer. Ele só entregou porque não podia mais arranjar confusão, e o moleque na sala estava ameaçando dizer pra professora que ele tinha roubado. Onde já se viu? Roubar as próprias coisas.  – Droga. – Não tinha como comprar outras não, caderno já estava no fim também. Talvez a professora pudesse arranjar outro, ela que passa tanto dever, já está no livro, porque ele tinha que copiar tudo? Isso não é problema pra agora. Basta se concentrar em chegar em casa.
Finalmente – pensou aliviado, ao abrir a porta da sala. Pegou os chinelos na mão e levou pro quintal.
- Cheguei. Benção? – falou pra avó que tinha ido ver o que ele fazia.
- Deus abençoe. – e tossiu. Tossiu muito. Ele ficou preocupado.
– Vá tomar banho pra poder almoçar. Deixa pra ajeitar isso ai depois. – falou ela, indo pra geladeira e encheu um copo com agua e bebeu.
Jogou a mochila em cima da cama. Pegou a roupa e levou pro banheiro. No almoço, falou pra avó que tinha que ir pra escola naquela tarde.
- Fazer o que? – Achou estranho a velha senhora.
- Reforço. Reforço de português.
- Então tá certo. Mas é pra ir mesmo. Não é pra ficar correndo no ‘mei’ da rua não. Já disse que não quero mais meu “fi” andando lá pra baixo não. Terminar lá, é pra vir direto pra casa.
- Sim senhora. Vou mais pra lá não.
Lavou os pratos do almoço. Ficou vendo televisão com a avó. Quando ela adormeceu, ele foi trocar de roupa para ir a escola. Enquanto saia, ficou lembrando que a professora poderia manda-lo de volta pra casa, porque não tinha material.

sexta-feira, 17 de junho de 2016

Janelas (metaforicas, ou não)

Eu gosto de janelas. Acho que se pudesse faria uma em cada cômodo da casa.( mesmo que isso talvez seja ruim.) Eu gosto mesmo da ideia por trás da janela...
Qual a ideia por trás das janelas?
É como se elas automaticamente exigissem atenção para a sua paisagem, para o local que elas nos levam a enxergar. Seja ele ali, o que está na cara, ou o que está lá longe, bem além, e você tem que preencher com a imaginação o que a visão já não identifica facilmente.
As janelas tem algo a mais sabe. Imagine as metáforas relacionadas a oportunidades, que acabam ficando esplendidamente melhores com a inserção de uma “janela”. Por exemplo:
Está tudo caminhando pra um local meio errado na sua vida, você não sabe bem como agir e de repente: uma porta se abre para você!
Legal não é mesmo? Mas me parece meio “fraco”. Agora troque por janela:
“E de repente no meio de uma situação problema muito caótica, surge uma janela! E você a aproveita!
Viu só? É diferente.
É como se no caso da janela, você tivesse que “se esforçar” mais, afinal é uma janela. Você tem que: 1) alcançar ela, 2) olhar através dela, (afinal você lembra que janelas exigem ser olhadas), e 3) se preparar um pouco, tomar coragem e atravessar.
Janelas são bem legais, e metaforicamente são mais ricas. (Desculpem portas, vocês também são legais.) As janelas também pedem que sejam atravessadas, puladas, utilizadas, enfim. Como preferir. Nós devemos nos utilizar delas. E mais, se não tiver uma, você pode fazer a sua.

Lembro de uma história, uma que me fez gostar ainda mais de janelas, era mais ou menos assim:
(Era uma vez... Mentira, não tem “era uma vez. Mas começar com uma piadinha sempre ajuda não é? de qualquer forma vamos a história:)
Havia uma jovem. Que como qualquer jovem vivia a toda velocidade, repartindo a vida perfeitamente em trabalho, estudos, amigos, família e etc. Tudo em sua vida possuía seu tempo de acontecer. Aproveitando sempre cada momento quando lhe surgia tempo.
Claro que não existe erro algum em como ela repartia seu tempo. E a mesma nunca engessou sua forma de viver. Ela apenas vivia da maneira que lhe parecia mais funcional e racional.
Um dia ela conheceu um outro jovem, mas que era em muito diferente dela, e talvez isso os tenha feito querer continuar a se conhecer. Um dia ele lhe revelou que era um auto intitulado “fabricante de janelas (metafóricas)”.  Sim, eram janelas metafóricas. Mas ele não falava muito disso, pois as pessoas não entendiam. E ele não queria ter que explicar as suas janelas metafóricas para todo mundo. Apenas para quem importava, seguindo seu próprio julgamento. E essa jovem lhe importava. Logo eles se tornaram bons amigos, mas se viam bem pouco devido a ... as coisas da vida.
[...]
- Você precisa de mais janelas na sua vida. – ele lhe disse um dia, em uma conversa pelo telefone.
- Oi? – ela não entendeu, como qualquer pessoa, na primeira vez que ouvia isso.
- Eu queria te encontrar.  – ele continuou.
- Eu também queria, mas nossos horários não combinam pra facilitar o encontro.
- Precisamos de uma janela então. – ele foi enfático, como se o que falasse fosse algo natural.
- Ainda não estou entendendo.
- Se seguirmos os nossos horários de “obrigações”, talvez tenhamos tempo no final de semana, e poderíamos aproveitar essa janela de tempo, e fazer alguma coisa juntos. – ele esperou uma resposta dela, para ter certeza que deveria continuar.
- Acho que entendi. E sim, é isso mesmo.
- Mas eu queria te ver hoje.  Por isso acho que preciso fazer uma janela. E você deveria aproveitar ela. – ele falava sorrindo, deixando perceptível sua animação.
- Fazer uma janela?
- Está decidido então. Você precisa de mais janelas, e eu adoro faze-las. Então eu serei seu fabricante de janelas. E você terá que usa-las.
Apesar de não entender perfeitamente, ela concordou. 
Naquele dia eles se encontraram. E pessoalmente ele explicou melhor a ideia das janelas metafóricas. 
– Às vezes você só está cansado, ou não se sente bem o suficiente para fazer qualquer coisa. E a janela se torna necessária. Não é preciso mentir ou arranjar desculpas, você precisa é de coragem e sabedoria, para reconhecer esses momentos, e lidar com a situação. precisa ser sincero consigo e então levar isso aos outros. Você cria então uma janela de tempo, e durante aquele momento você poderá fazer... qualquer coisa. (inclusive nada). Você deve comandar seu próprio tempo, e de certa forma você cria "o seu tempo”. É verdade que você pode deixar de cumprir certas “obrigações”, e se isso acontecer muito você será julgado. Mas é por isso que sou um profissional. Você deve ter cuidado com as  janelas criadas por você. E o mais importante sobre isso, é aproveitar o tempo de alguma forma prazerosa. Como eu, que o aproveito com você!
Ela entendeu o conceito. E gostou da ideia. Talvez precisasse mesmo dessas janelas, mas nunca tinha pensado dessa forma. Mas era uma via de mão dupla, ela lhe advertiu
 – É mais você não pode ficar usando essas janelas como desculpas ou maneiras de evitar as obrigações. E eu vou garantir que não abuse delas.
Ali foi firmada uma parceria muito interessante, entre alguém que precisava de janelas metafóricas e um fabricante medíocre que não tinha com quem compartilhar as suas. E eles aproveitaram muitas janelas, numa relação metaforicamente insana, como tinha que ser. 

Eu gosto mesmo de janelas.





segunda-feira, 6 de junho de 2016

A Garota ( Indecifrável). pt.2

Eu ainda adoro quando ela sorri. Mas descobri que, ironicamente, eu gosto muito do som do seu riso, mas quando ele vai acabando. O seu tom diminui. Sua voz já não tem nenhum traço de qualquer sentimento ruim. E ela passa a ser um exemplo perfeito da “inflexão do sorriso”. Eu quase posso dizer, que nesse momento, ao ouvir sua voz e olhar seu sorriso, eu não negaria nenhum pedido seu.
Adoraria dizer que já sei o que se passa em seu coração. Mas minhas reflexões só me levaram a entender que eu não preciso entender. Ela é apenas quem ela quiser ser. E cada um terá dela o que merecer. Isso soa quase clichê, eu sei. (Mas foi bonitinho, rimou até) Mas estamos falando de uma pessoa aqui. A complexidade caminha junto dos padrões universais.
Não quero que pareça que eu desisti de entende-la, nem qualquer coisa do tipo. Eu ainda gosto dela. E ainda acho válido tentar conhecer mais daquilo que ela guarda só para si. Das coisas que a fazem ser quem é. Em certo momento achei relevante apenas mudar a abordagem. Chegamos ao ponto das perguntas diretas. Não que tenham sido tão reveladoras assim....
- O que você pensa sobre isso...? – era algo relevante apenas na hora, então não preciso especificar a pergunta agora. Afinal, interessante foi sua resposta:
- Não sei.
- O que acha daquilo? – eu insisto em insistir.
- Sei lá... – ela respondeu de maneira natural, e eu quase acreditei que ela não tivesse mesmo qualquer opinião sobre o assunto.
- Você vai me dar alguma resposta que não seja “não sei”?
- Não sei.
- Por que?
- Por que não. - Essa foi, devo admitir, diferente...
E ela riu de novo. Fui vencido pelo cansaço.
Falar na terceira pessoa ainda é uma característica cativante que ela possui. Posso afirmar que é algo que lhe distingue de qualquer outra. E ela conseguiu evoluir isso. Devo admitir que no início me senti excluído, pois quando dei por mim estava no meio de uma discussão que ela tinha consigo mesma. Só me restava apreciar a sutileza com que usava uma bela retorica em voz alta, abordando o que pretendia fazer, e rebatia de maneira eloquente o seu próprio argumento. O que me pareceu completamente lógico, e muito inteligente ainda mais quando no fim ela venceu o debate.
Eu aprendi, (ou quase isso) recentemente, que se deve viver o momento em que se está inserido, totalmente. Não se deixar distrair e com isso perde-lo por qualquer motivo. Viva plenamente e aproveite cada segundo dos momentos que sabe que serão únicos. É algo complicado de se fazer. É difícil aceitar tal filosofia, e tentar não se deixar levar por sentimentos conflitantes. Imagine que eu me vi assim enquanto dialogava com a garota. Eu sei da importância de se aproveitar as boas companhias, mas a plena atenção é ainda mais complicado para mim, quando assumo como missão, compreender as ações dela.
Ela se aproxima com um lanche qualquer, seus passos sempre decididos. Não reconheço real pressa em suas ações. Mas ainda assim são rápidas, e imperativas. Um reflexo, eu imagino, de seu subconsciente que deseja transparecer a todo instante plena certeza sobre todos os seus atos. Eu recuso sua oferta em dividir, e repito a negativa em todas as suas insistências. Me divirto contrariando-a de maneira tão boba.
Eu a observo, enquanto ela me conta sobre sua última frustração. É algo relativamente banal, mas ela expõem de maneira que eu me vejo com raiva do terceiro personagem de sua história. Isso me diverte, e a ela também. E surpreendentemente ela conclui dizendo que deixou passar, não está mais com raiva e conclui tomando apenas nota mental de que algo do tipo nunca se repetirá. Eu sei que não preciso opinar, então me perco mais uma vez pensando, enquanto ela come. Fico tentando arranjar explicações e quem sabe padrões que justifiquem seus julgamentos e suas frustrações. Mas a resposta não vem. E finalmente entendo, que ela não precisa vir.
Eu tenho minha opinião sobre suas ações, mas ela nunca me pediu por isso.  Acho que nem me pediu que a escutasse, eu fui um ouvinte voluntário. Tudo que sei sobre ela se mistura e então toma forma, e finalmente tenho meu insight a seu respeito: por mais julgada que ela possa ser, ela não se abaterá com isso.
Quando essa ideia finalmente se acomoda em minha mente, percebo que o tempo voou, e ouvi sua risada menos vezes do que gostaria. E a data para um próximo encontro é completamente incerta. Isso me aborrece, mas dessa vez bem menos. Pois agora eu tenho uma certeza sobre ela.  A certeza de que ela permanecerá como é, fiel a si mesma e seus princípios, não importando os olhares recebidos. Tenho plena consciência agora, de que seu jeito não pode ser visto apenas como uma consequência de seus sentimentos, mas sim uma parte de quem ela é.
Ainda não saberei seus motivos secretos, das coisas que guarda para si e das que a machucam. Talvez eu não possa “entender”. E tão pouco acho que conseguirei uma resposta melhor do que o “não sei” quando se tratar da sua opinião sobre determinados assuntos. Entretanto, permaneço muito interessado nela. Afinal quem sabe o que o futuro reserva? E o que ainda pode acontecer? Ainda anseio conseguir melhores respostas. Mas já me contento em não receber os nãos.



terça-feira, 24 de maio de 2016

A Rotina que acabo de "contar"...

- A rotina lhe matará!
Gritou o homem ao microfone, e logo após mais alguns pensamentos, encerrou a palestra enfatizando alguns outros conselhos rápidos. Não achei a frase tão impactante como das outras vezes. Permaneci sentado tempo o suficiente para vê-lo descer do palco, olhar o relógio e trocar palavras com alguns ouvintes mais entusiasmados, que se aproximavam para... quem sabe tirar algumas dúvidas...
 Ironicamente era a terceira vez que ouvia esta mesma frase vindo dele. Não que ele não pudesse, só achei menos impactante. Mais uma vez percebi o seu "ritual" de conferir o relógio, ligar o celular e acenar longamente enquanto caminhava em direção a porta. Todas essas coisas soaram para mim como um “dejavu”.
Isso não faz as palavras dele menos certas, afinal são “constatações bastante pertinentes”, (ele usou tais palavras, gostei delas, decidi começar a usar.) A rotina vai mesmo acabar com a nossa vida; mas não é esse o real problema, até porque todo mundo precisa de uma rotina. 
O problema com a rotina, é que ela é definida pela sucessão de atos que fazemos... Bem, nem todos esses atos são ruins, afinal se você decide quebrar a rotina uma vez por semana (ou por mês), logo isso fará parte da rotina.
Consegue imaginar a cena de alguém cheio de tarefas e obrigações, consultando sua agenda para ter certeza do que fazer, já que sua mente já está superlotada e cansada, lá está marcado
 – Quinta Feira, 17:00, SAIR DA ROTINA, FAZER ALGO ESPONTANEO!!! 
(Me pareceu bem engraçado.)
A rotina, como eu dizia antes, não é real problema, e sim como lidamos com ela, pois se dermos a ela atenção, ela nem faz sentido. Quer ver? Quantas vezes eu já repeti “Rotina” até agora? Sabe quando você repete uma palavra tantas vezes que ela perde o sentido? Bem espero que tenha funcionado, (caso contrário, eu só cometi alguns erros feios de redação a toa).
Depois da palestra, todos foram dispensados, era tarde de sexta, alguns colegas decidiram matar o tempo extra comendo alguma coisa num lugar próximo. Rimos bastante lembrando de alguns “micos” que os novatos passaram durante a palestra.
Nunca vou entender algumas coisas:
1 – Como você não lembra do próprio toque de telefone?
2 – Como você não coloca seu telefone no silencioso quando o seu toque é uma música de uma banda de forró chamada “Calcinha Preta”?
3 – Porque essa banda? e nem me obrigue a falar daquela música...

De um modo geral foi um fim de tarde bastante divertido, quando cheguei em casa, ainda ri bastante relembrando a história enquanto contava para minha namorada, (Ela se sentiu um pouco mal pela pobre pessoa, mas ainda riu um pouco e logo me contou sobre o seu dia.)

É algo realmente bom fazer coisas desse tipo, ouso dizer que a palestra realmente serviu ao seu propósito. E apesar de agendada no calendário, foi uma quebra da rotina bastante espontânea, e saudável. 
Com sorte, talvez essa rotina não vá me matar... 

Nada (Melhor) - [ inspirado em Amianto - Supercombo]

Nada
Parece exatamente certo,
Nada é.
As coisas estão distantes,
(Como olhar através de binóculos)
As emoções deviam estar lá...
Me diga que há
Um sentimento certo
Que possa ser,
Finalmente usado
Pra curar.

Nada, exatamente nada,
Foi real, se não há
Verdade em si,
No coração de quem falou.
Tudo,
completamente diferente de como poderia ser.

Me diga então
Como mudar,
Ser melhor
Do que me fiz,
Até aqui.
Tentando ser, mais um
Amante.
Diga, apenas diga,
Que serei,

Melhor...

sábado, 21 de maio de 2016

Mau Agouro

- Olha amor, uma coruja, que bonita!
- Isso é sinal de mau agouro, cuidado... – o jovem foi irônico, repassando seu conhecimento adquirido com o tempo, isso era algo que todos repetiam. Sua namorada não recebeu tão bem o aviso.
- Mas “cuidado” porque? Acho que já ouvi algo sobre dar azar né? – a moça, aparentava real inocência para com o assunto.
- Sempre que aparece uma coruja assim é porque alguém vai morrer nessa área. – Ele quis dar realmente um tom mais assustador ao que dizia. Mas teve como resposta um sorriso e uma exclamação que logo encerrou a conversa:
– Mas sempre alguém morre, de alguma coisa, com ou sem corujas!
Ele a apertou um pouco mais com o braço que envolvia sua cintura, e com um sorriso de confirmação a beijou. Continuaram a caminhada apressando o passo para atravessar a rua.
- Idiotas! – o velho mendigo sentado falou alto, com certa raiva na voz. – Não ligue pra eles minha amiga! – ele olhou pra cima, falando para a coruja, que voava perto da casa da esquina, onde ele ocupava a calçada.
- E o qual o problema no que eles disseram? – a voz vinha da parte não iluminada da rua, e pertencia a um homem de passos lentos que dobrava a esquina e ia se aproximando. 
Um tanto surpreso o mendigo tratou de baixar a cabeça, e olhar apenas com o canto de olho para o homem que estava em pé ao seu lado.
A coruja então emitiu um som, que lembrava um grito desesperado, surpreendendo os dois, e logo voou para longe rapidamente.
- Elas não conseguem evitar. Não é culpa delas! Eu acho que essa nem sabia direito o que fazer. – o velho começou a levantar, bem devagar, ainda bastante desconfiado. Estava acostumado a ser considerado maluco, não esperava que qualquer um fosse ligar pro que dizia. Mas aquele homem, agora estendia a mão para ajuda-lo, aquilo era estranho. Era comum ser taxado como um louco qualquer, mas porque aquele homem estava ali fazendo perguntas, e porque dar atenção a ele?
- Você está falando das corujas não é? – o homem perguntou com um leve sorriso, instigando o velho senhor a contar mais.
- Quem é você? – por mais que o velho estivesse desconfiado, ele tinha vontade de começar uma conversa. Ele se apoiava nas grades de ferro do muro da casa, se encolhia, mas tinha vontade de continuar falando para um ouvinte, afinal o que teria demais em contar o que sabia? pensou por alguns instantes enquanto aguardava a resposta do homem.
- Sou só um curioso. Eu realmente achei interessante o que o senhor disse. Eu nunca achei esses pássaros algo ruim, mas muitas pessoas pensam o contrário, algumas tem medo, outras uma admiração. Mas o senhor está tendo compaixão... – Ele usou as palavras sabiamente, sempre com certo sorriso no rosto, mesmo que ele não fosse tão verdadeiro. Esperava que o velho realmente lhe contasse uma boa história.
- Porque não sentamos ali, naqueles bancos? – o homem convidou o velho, que já desistira de ir embora, e assumia uma postura ainda desconfiada, porém condescendente.
Os dois atravessaram a rua, e sentaram em um dos bancos da praça. A noite começava a esfriar. Mesmo ainda não passando das 19:00 o movimento era bem pouco naquele momento, apenas um pipoqueiro e seu carrinho ocupavam a pracinha junto a eles. O homem usava uma camisa social com a gravata bem frouxa e carregava no braço seu paletó, e tão logo se sentou tratou também de colocar sua mochila no chão ao seu lado. Nenhum deles eram tão velhos quanto aparentavam, os dois estavam desgastados pela própria vida, mas sob circunstancias evidentemente diferentes.
O velho se sentou e logo relaxou, observando o comportamento de seu novo companheiro que agora lhe parecia só mais um solitário como ele, alguém a procura de ouvir uma história para distrair a mente. Alguém disposto a dar ouvidos até mesmo a um mendigo, possivelmente maluco.
- Mas o senhor ia dizendo? – perguntou o homem de maneira simpática, mas olhando para cima, para o céu que se mostrava sem nuvem alguma e bastante estrelado.
- Todo mundo morre de alguma coisa, é claro e todo mundo sabe disso! – o velho falou como que retomando o assunto a partir da fala da moça. – Mas essas “alguma coisa” são importantes. Tem muitos tipos de morte. Você pode conhecer ela de várias formas, seja por algum acidente, doenças, de maneira natural, por uma injustiça ou até mesmo por justiça... Mas e quando ela vem da loucura? Da dor? E da tristeza?
O homem tratou de olhar o velho, que por sua vez, mirava a casa, do outro lado da rua, enquanto falava de forma compassada. Ele agora estava intrigado com a fala do senhor, com a sua postura sobre o assunto, tudo que era dito tinha sentido e até mesmo uma profundidade que ele não esperava de imediato. O velho havia se transformado, seu tom era outro, até mesmo sua postura tímida tinha sumido. A conversa caminhava para uma direção que ele não esperava de forma alguma. Limitou-se então apenas em confirmar com um aceno de cabeça.
- Eu não sei no que você acredita. – continuou o senhor após alguns segundos esperando que seu interlocutor assimilasse tudo o que era dito - Isso não importa muito agora. Mas você tem que concordar que a vida é importante. A morte é mesmo um fato. Mas não é sempre que ela é inevitável. Existem pessoas que se afundam muito em pensamentos, e em toda a sua própria loucura e tristeza. Ai chega um momento que ficamos sem opções, e por causa da dor, de continuar se debatendo enquanto afunda mais e mais, a morte se apresenta. Mas ela vem apenas porque foi convocada. No fundo ela sempre esteve ali, você sempre viu, ela apenas nunca tinha vindo conversar com você, mas com certeza já havia a conhecido. Não é como se não existissem outras coisas. Essa é questão, você está cansado e com dor, precisa de algo para se curar. Não está longe de ajuda. Qualquer coisa é bem-vinda, você está afundando porque não sabe mais em que direção ir. Se ao menos pudesse receber uma luz, ou ouvir alguma voz que pudesse seguir. Ser guiado para longe da escuridão.
O homem estava completamente envolvido pelas palavras do velho, que vez por outra respirava profundamente e olhava ao redor, enquanto continuava a falar.
- Agora imagine que você sabe de tudo isso,que você conhece essa situação por ter vivido ela, e vê alguém nesse mesmo estado. O que fazer?
- Oferecer ajuda?
- Qualquer um faria com certeza.
- Mas e a coruja? O que significa? O que o senhor está querendo dizer?
- Como eu disse não importa o que você acredita. Não estou pedindo pra acreditar no que eu vou dizer, mas, existe uma velha história, e não me pergunte de onde ela surgiu, eu só sei que ela é antiga, e já foi passada por muitas gerações. Bem, existiram algumas pobres almas que viveram toda a dor, desespero e loucura que já falamos, e em certo ponto da vida, estavam sem mais qualquer esperança e encontraram na morte uma possível solução para acabar com todo seu sofrimento. Mas quando tomaram então sua última escolha em vida, elas se arrependeram. Dizem que o tempo passa muito devagar quando se está morrendo. O que você faria se desse de frente com um erro sem conserto? Eles fizeram uma última prece, e suplicaram por uma segunda chance. Mas como eu disse, a morte havia sido convocada por eles, não havia mais como mudar isso. Mas aquilo era inédito e por conta disso uma exceção foi aberta. Ela então guiou cada um para um plano fora da existência, e lá foram reunidos e levados para um encontro, onde as forças primordiais da vida e da morte se mostraram, e uma espécie de tribunal foi montado. Outras forças que atuam no mundo foram chamadas, e pediram para que os suicidas explicassem o que havia acontecido. Eles receberam a chance de falar sobre todo o peso que carregavam no coração, e como estavam perdidos quando se viram diante daquela infeliz decisão. Todos tinham em comum em suas histórias o profundo arrependimento, e a suplica por uma chance de ser diferente. Foi explicado a eles que não existia como voltarem ao mundo dos vivos, pelo menos não em seus antigos corpos. E com isso uma condição foi criada. Eles seriam transformados em animais, e com isso poderiam permanecer vivos, e em troca teriam que salvar aqueles que acabassem como eles.
- Transformados então em corujas eles tem que salvar alguém para então se salvar...
- É uma forma de ver. O que dizem é que essas almas transformadas, passaram a viajar pelo mundo. Elas podem sentir e de alguma forma ver o que cada um carrega em sua alma, mesmo aquilo escondido na escuridão dentro de cada um. E quando encontram alguém que está prestes a fazer a escolha, elas vivenciam nelas mesmas o desespero do outro e revivem ainda seu pior momento, a fim de relembrar o pacto. Elas tentam desesperadamente avisar, gritar ao seu jeito, fazer algo para interromper a pobre pessoa. Essa passou a ser sua missão nesse mundo. É isso que as corujas fazem.
- Faz algum sentido. Como o senhor disse, as vezes só buscamos alguma espécie de sinal, algo que possa servir de farol para sair desse estado desesperador...
O homem estava um tanto impressionado pela história contada pelo senhor. Ele refletiu por alguns instantes naquela situação, e no quão relevante tudo aquilo era, e mais ainda para ele. Quem poderia imaginar que algo tão profundo e legal poderia sair daquele daquela situação totalmente incomum.
Ele interrompeu suas reflexões apenas quando ouviu uma sirene muito alta, vinda da ambulância que estacionava em frente à casa onde antes o velho estivera ocupando a calçada. Ficou surpreso quando viu paramédicos descendo e conversando com uma senhora em frente a porta. Eté então ele não tinha notado que havia movimento ali.
- Você tem algum dinheiro para comprar pipoca? – o velho mais uma vez chamava sua atenção.
- Como?
- Eu te contei o que você queria, em agradecimento você podia comprar pipocas.
- Sim claro. Mas eu não gosto muito, compro para o senhor.
Ele levantou e foi comprar, após alguns momentos, entregou ao senhor dois sacos de pipoca. O velho agradeceu e começou a comer. Ao observar as mãos do senhor com mais atenção ele notou que havia uma tatuagem de coruja no pulso dele. Um tanto apagada pelo tempo, mas um detalhe interessante, pensou consigo. Observou mais uma vez a casa, e viu que se aglomeravam algumas pessoas, curiosos, para saber o que havia acontecido. Logo viu uma maca com alguém sendo carregado para fora da casa, e logo atrás a senhora de novo trancando a porta e subindo na ambulância junto dos médicos. O som da sirene ecoou de novo, dessa vez se afastando. As pessoas continuavam em frente à casa. 
Ele decidiu que deveria ir embora para sua casa.
- Como é o seu nome? – perguntou ao velho que se ocupava apenas comendo.
- Todo mundo me chama de Coruja.
- Bem, pois eu agradeço por compartilhar seus pensamentos e a historia Coruja, já vou indo. Muito obrigado, e Boa noite!
Recolheu suas coisas, e com um sorriso ainda, começou a atravessar a rua de volta a esquina, tudo aquilo era mesmo muito curioso. Ao chegar próximo as pessoas, não se conteve e teve que perguntar o que havia acontecido.
- O cara tentou se matar. - teve sua resposta dada por um jovem que talvez não tivesse nem 20 anos.
Ele ainda ouviu os outros completarem as informações, dizendo que a mãe do rapaz que morava na casa sozinho, havia vindo procurar por ele, e o encontrou desacordado no quarto e cheio de sangue nos braços, mas ela ligou para o socorro e ele foi levado com vida para o hospital.
Bastante surpreso o homem desejou boa noite a todos e seguiu seu caminho, refletindo sobre todos os acontecimentos que tinham acontecido com ele durante aquele dia, em especial nos mais recentes. Ele ajeitou então a mochila nas costas e olhou para o céu mais uma vez. Sorriu prazerosamente e falou baixinho:


-Bom trabalho corujas, 2 em uma noite