domingo, 21 de maio de 2017

Regentes do Preludio - Encontro

- Ministro do Comercio: Ellai, vindo do Reino do Rochedo Negro. - o ser alto de armadura completa, capa e capuz que cobria seu rosto, pronunciou quase gritando após abrir as grandes portas que davam para o salão real. 
O Ministro tratou de entrar, e logo estranhou a pouca iluminação na grande sala. Existia uma especie de corredor delimitado por grandes colunas esculpidas em formato de guerreiros e guerreiras. Aquela era uma das poucas áreas onde se podia ver claramente, a luz incidia de tochas e cristais nas colunas e iluminavam o chão que também possuía seus próprios ornamentos, com representações de magos e símbolos de magias. 
Ellai tratou de se recompor rapidamente, e fixou olhar no fundo da sala, no trono ornamentado que se encontrava no fim do corredor. Na verdade ele tratou de sorrir e tentar focar no rosto de Vênus a maga regente, a quem ele tinha solicitado o encontro. Vênus era a Regente escolhida para tratar de assuntos externos e das relações entre outras nações e o reino de Preludio. 
A sala estava silenciosa não se ouvia muito além dos passos de Ellai.  Ele não chegava a estar nervoso, mas era a sua primeira vez naquele ambiente.  Vênus notou mesmo de longe que o visitante se controlava para não fazer movimentos bruscos e ser indiscreto, mas seus olhos não sossegavam, ele parecia querer absorver todas as informações possíveis daquele ambiente, e ela já tinha certeza que ele devia ter feito o mesmo por todo o caminho enquanto se dirigia ao encontro. 
- É uma honra poder ter essa oportunidade de conversarmos pessoalmente rainha Venus. - ele falou em voz alta ao alcançar metade do caminho até o trono que se elevava por 4 degraus a partir do solo.
- Eu devo dizer o mesmo. E todos nós ficamos curiosos sobre que tipo de alianças o Reino de Rochedo Negro, está buscando conosco. - Apesar do aparente isolamento naquela sala, Vênus não falava apenas por si, ela fazia questão de trazer a tona que não governava sozinha, mas que falava pelos outros regentes.
Ellai vacilou rapidamente, ao se aproximar o suficiente  para notar que a sombra por trás do trono era quase como uma parede escura, bem como tudo que se projetava para trás das colunas, ele não conseguia ver nada além de escuridão, Dessa vez ele não pode controlar sua cabeça que girou para os dois lados externando sua confusão e curiosidade. Aquele salão mais que certamente possuía algum tipo de feitiço. O pensamento cruzou sua mente, mas ele preferiu acreditar que era sua paranoia falando. E mesmo que houvesse algo mágico com aquelas luzes e sombras devia ser algo mais que natural, tendo em vista que se encontrava com a Maga Regente.
Ao se conscientizar de sua postura ele tratou de se voltar novamente para a Rainha, mas antes seu olhar cruzou com o que lhe pareceu uma silhueta um tanto para trás e a direita do trono, tal figura logo desapareceu na parede escura de sombras que por segundos pareceu se mover para a frente. Mil perguntas fervilhavam em sua mente, mas diante da fala direta da rainha ele teve de se concentrar em como prosseguir com o dialogo, a fim de galgar vantagens para si.
- Ó poderosa Maga... - ele quis iniciar seu discurso como estava habituado, exaltando o poder de seu ouvinte, mas logo se arrependeu diante da reação pouco satisfeita da rainha que arqueou a sobrancelha e logo franziu o cenho. - ... o reino de Rochedo Negro tem estado em um período de constante paz e prosperidade. E isso devido as fortes alianças que venho forjando ha bastante tempo. Nossos aliados compram por um preço simbólico vários recursos valiosos que só se encontram em nossa nação. Nossos abundantes minérios, nossos valiosos metais. E mais recentemente começamos a comercializar algumas pedras preciosas. 
- Reconheço o valor do comercio Ministro Ellai, e das boas alianças. Suponho que a rocha negra não esta entre os recursos valiosos que oferece aos seus aliados. - a rainha ao notar o discurso de vendas de Ellai, decidiu provoca-lo um pouco para que pudessem cortar as formalidades que considerava irrelevantes.
- A rainha entende que uma das fontes de poder do nosso reino é a justamente tal rocha quase indestrutível. Vários reinos tem interesse em possuir tal recurso, criar fortificações tão imponentes quanto nossa muralha ou o palácio e toda a morada Real. Mas se todos possuíssem uma vantagem como a nossa, logo ninguém mais estaria em vantagem real. - Ellai insistia em não tirar do rosto o sorriso de comerciante.
- É uma verdade. - Vênus retribuiu finalmente o sorriso de Ellai. 
Ellai novamente sentiu as sombras atras do trono se mexerem, e achou reconhecer dentro da escuridão, olhos que logo sumiram. A rainha levantou-se do trono e desceu os degraus até estar a não mais de um metro ou dois de seus visitante.
- Devo entender então que Rochedo Negro nos enxerga como compradores de suas mercadorias. - iniciou a rainha caminhando em direção de uma das colunas esculpida em forma de guerreira, próxima ao trono.
- Não somente, é claro. - Ellai tratou de acompanha-la - Abrimos também a oportunidade de livre comercio entre nossos reinos. E ofertamos até segurança nas rotas em que viajam os comerciantes comuns.  Existem também casos como nossos aliados antigos do reino de Andragoras, que nos enviam reforço militar e homens para treinamento de guerreiros em troca de alguns de nossos metais usados na fabricação de armamentos.
- Mas como somos completamente novos a vocês, você não sabe o que pedir, então decidiu começar a ofertar recursos... - Vênus assumiu novamente uma postura séria e apesar de poder soar rude, falava em tom compreensivo, e um tanto analítico, mas não atacava seu interlocutor.
- De fato não conhecemos muito de vosso reino, as historias que se espalham sempre parecem fantasiosas demais. Um reino construído de sonhos, parece bom, mas em minha curta estadia aqui em suas terras não pude conhecer o suficiente. 
- Fico contente em saber que já somos notados mesmo entre os reinos mais antigos. Reconheço claro, que não procuramos nenhum de vocês para nos apresentar ou forjar alianças, pois temos andado ocupados construindo o reino dos sonhos que mencionou. 
- Eu não quis dizer... - Ellai sentiu que não tinha conquistado em nada a simpatia de Vênus.
- É claro que notou que temos pouquíssimos guardas ou guerreiros espalhados pelo castelo. E lhe informo agora que alguns outros regentes e certo numero de guerreiros estão em outros reinos "novos" ou pouco conhecidos por vocês os mais antigos, prestando favores a esses nossos aliados. Temos também uma rota de comercio muito forte por mar. Além de várias famílias que exploram recursos e fabricam produtos aqui em nossas terras. O que quero que entenda Ministro Ellai é que nossa maior riqueza é povo, nossos amigos e seus sonhos. 
- Isso é muito valioso é claro. - o ministro estava muito contrariado diante de atitudes e palavras tão incomuns para regentes. Ele começava a atribuir tais atitudes a pouca idade e provavelmente pouca experiencia de Vênus e do próprio reino onde se encontrava.
- Peço desculpas se pareci rude Ministro. Mas eu e meus companheiros regentes não buscamos aliados com base apenas em vantagens materiais ou recursos únicos que eles possam oferecer. Pode soar ingenuo a um Ministro aparentemente tão calejado e experiente, mas buscamos relações sólidas com outros reinos, baseadas no respeito e admiração mutuas. Gostamos de tornar aliados em amigos, e não apenas pessoas com recursos  - Vênus olhava diretamente para Ellai aguardando suas reações. 
O ministro ainda contrariado e bastante surpreso, tratou de abrir novamente um sorriso, se esforçando ao máximo para soar natural.
- Isto é admirável certamente. E fico ansioso para termos logo uma relação como essa Maga Regente.
- É claro que firmaremos um contrato de livre comercio entre nossos reinos para que o povo possa aproveitar. E espero que possamos começar a estudar logo opções de comercio e trocas que podemos realizar entre nossos reinos e estreitar nossas relações e construir uma aliança. - Vênus estava decidida a encerrar a reunião, e falou finalmente o que o Ministro gostaria de ouvir. 
- Sim, sim, com certeza Rainha Vênus. Assim que voltar a meu reino, tratarei de iniciar nossas correspondências para formalizarmos esse acordo. E anseio pelas oportunidades futuras que essa aliança nos trará. - Ellai mais conformado, começou a caminhar em direção as enormes portas por onde havia entrado, que agora começava a se abrir.
Venus virou-se de costas e caminhou de volta ao trono encarando o rapidamente enquanto subia os degraus. Não estava completamente feliz. E quando teve certeza que Ellai havia se retirado, ela falou em voz alta:
- Já estou um pouco cansada disso.
As parede de sombras atras do trono se diluiu, assim como aquelas por trás das colunas que escureciam toda a sala, revelando escadarias que subiam nos dois extremos da sala. Ao lado do trono uma figura encapuzada se revelou sentado nos degraus ao lado direito do trono, e ele logo se pronunciou:
- E esse foi só o terceiro. - a Voz um tanto rouca de Caos se projetou pelo resto do salão, agora que não contava mais com o isolamento acústico fornecido por suas sombras.
Caos se levantou e caminhou em direção de Venus que ainda encarava o trono, seus braços cruzados, revelavam sua insatisfação com essas reuniões com representantes dos reinos mais antigos.
- E ultimo. - ela falou e se virou para ele.
- Ao menos esse pareceu não ligar por se reunir "sozinho" com você em uma sala escura. - Caos falou em tom irônico.
 - Mas ele quase percebeu você não é meu amigo. - A resposta veio da escadaria, seguida de passos apressados. e Logo outra figura se juntava a conversa.
- Eu só quis testá-lo um pouco Alqui. - Caos se virou para Alquimista que agora se aproximava dos outros dois.
- O que você achou? - Perguntou Vênus quando ele se posicionou ao seu lado.
- Acho que você fez certo, realmente acho que tudo bem abrirmos para que o povo comercialize.  Fiquei com um pouco de receio de quando começou a falar de nossos aliados, não quero que os reinos mais antigos queiram investiga-los.  - Alquimista se pronunciou, analítico, mas reconhecendo a natureza estressante da situação.
- Eu fiz o que você pediu Alquimista, eu enxerguei além do discurso comum de vendas deles. Ellai foi o mais simplista é claro; e eu não pude deixá-lo continuar com o monologo estupido do quão incrível ele é.  - Vênus agora parecia aliviada.
- Vocês ouviram quando ele falou que o Rochedo Negro é "quase" indestrutível né... - Caos chamou atenção dos outros dois.
- Sim, acho que foi realmente um ato falho.  - Alquimista se pronunciou.
- Isso sim, fez valer a pena a reunião. - disse Venus e sorriu para os companheiros regentes.
Alquimista se fechou por alguns segundos, e falou finalmente para os outros dois.
- Podemos estudar as fraquezas deles. Mas nós não queremos que eles nos vejam como inimigos ou rivais tão cedo. Então é preciso que firmemos esses tratados de livre comercio, além de estabelecer comunicação. Se o momento de guerra realmente chegar, estaremos prontos, e que eles continuem  nos subestimando.  

segunda-feira, 15 de maio de 2017

À Cidade - Mailson Furtado - "Resenha/Impressões/Indicação"

Iniciar essa leitura, é dizer sim, a um convite de se tornar etéreo.
de ser presente, de ser companheiro, passageiro e viajar tempo e espaço em segundos, em versos rimados.
É aceitar ser testemunha de atos simples, de atos sinceros, de segredos e de historias.
É aceitar ser ouvinte de uma cidade antropomórfica, onde quase podemos sentir tudo o que lhe acontece, por que nós mesmo já estivemos lá, ou estaremos.

Assim que começa, a parte "a", sinto como se a cidade, como entidade como ser, tomasse vida, tomasse forma, e começasse a me contar tudo o que se passa consigo, me sinto um companheiro, escolhido para ser ouvinte de confissões que ela carrega há muito, sinto como se fosse agraciado de ter uma conversa tão profunda sobre assuntos tão simples, sobre tudo e sobre a própria vida.

A parte "B" se incia, e sinto a mudança, o poeta ganha voz, não, ele ganha visão, visões, emoções e percepções. O Poeta passa a ser o guia, quem te conta de tudo o que foi antes de ser, e enquanto se faz.

Terceira parte, parte "y", termina, e já sou integrante da conversa, falo sem pronunciar, concordando com a cabeça em momentos, apreciando as metáforas e sorrindo nas constatações.

Quarta Parte, parte "z", Mailson se mostra, é sua voz que ouço agora, são suas palavras, já me habituei a elas, sei reconhecer padrões de fala, ou julgo saber, É como se a conversa tivesse se tornado em papo despojado, mas cheio de significado, e até intencionado. Reconheço-o, pois julgava já conhecer, mas essas palavras são novas pois são ditas juntas de outras tantas observações, ele se refere agora aos outros, a sua amiga "cidade", ao seu lar "uma cidade" ao seu destino "cidades".

No fim, sou deixado de volta onde fui buscado, estou no presente, mas meu coração e mente viajaram em estupenda companhia.



Eis minha "resenha" do livro a cidade, e por ser uma obra  tão unica para mim, precisei mudar também minha forma habitual de resenhas.



O livro é rico em poesia, emoções são despertas desde o incio. O texto é agradável, o poema bem construído, existem influencias e referencias; e imagino o sorriso que se abre toda vez que reconhecer alguma.

Essa resenha é mais que uma indicação, ela fala diretamente ao meu lado poeta, a obra inspira meu lado poético.
E me sinto agraciado de ser parte dessa "Cidade".


...




O lançamento aqui em Varjota ocorre na próxima sexta(19/05).

Procure o Mailson, converse com o autor, e compre sua edição do livro.
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