terça-feira, 27 de setembro de 2016

Houve silencio.
Quase que absoluto.
Quase,
pois haviam ruídos em minha mente,
e muito mais coisas se empilharam,
pressionando,
protestando,
sofrendo,
com o silencio.
Mas não houve nada,
só o silencio.

Eu não encontrei uma razão para ele,
Motivos?
organizados por ordem de importância.
Razão, não.
Pois isso, pediria que racionalmente,
eu finalmente explanasse tudo o que se amontoa na mente,
E isso quebraria um silencio compartilhado.

Quando o silencio chega,
e você não se vê digno que quebra-lo,
existe uma espera, a fim de que a outra possa encerra-lo,
Mas não aconteceu.
Apenas houve silencio.
E ele doeu como deveria,
Por bem mais tempo do que gostaria,
De um jeito que nunca achei que suportaria.

Quando houve o silencio,
minhas janelas se fecharam,
os cômodos ficaram escuros,
e isso não doeu tanto no inicio,
pois achei que a luz seria forte
 e passaria por entre as frestas,
mas não aconteceu,
e o silencio permaneceu.

Os dias se passaram,
e meus olhos passaram a sentir dor,
coma intensidade da luz.
Me mantive de novo no escuro,
evitando contatos.


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Dor

As dores me consomem hoje,
Tomei o necessário para suporta-las,
mas tenho medo de me livrar delas completamente,
pois quando meu corpo não gritar tão ferozmente,
quando os analgésicos permitirem que minha mente se acalme,
sei que acabarei sendo tomado pela dor de minha alma.

Eu sorri por instantes,
quando vi que movimentar o braço me causava dor,
Em minha mente aquilo era bom,
era preciso.

Senti o incomodo,
progrediu para dor intensa,
me prejudicou em tudo que pretendia fazer,
tomei as drogas recomendadas,
a dor aliviou, e quase sumiu.

Esse é o ritual que ansiava que se repetisse,
mas as dores do coração não passam,
elas progridem na alma,
e não doem com o movimento,
e sim com o pensamento,
Então como parar de pensar?

sábado, 17 de setembro de 2016

dores de saudade

Tomei todas as drogas que podia,
tentando acabar com  dor,
Mas nenhum analgésico alivia o que sinto,
Eu comecei a perceber que a dor em mim
já não era física,
A dor vem, sempre que sinto tua falta.

Estar no teu abraço me fazia sentir tão bem,
Fechei os olhos tentando trazer essa memoria,
Fiquei tão nervoso, quando nada veio.
Eu comecei a lembrar,o momento se repetia em minha mente,
Mas ainda não sentia,
nada vinha.
A dor se intensificou,
e escorreu pelo meu rosto,
Os olhos ardiam tanto,
E então consegui sentir.

Quando te abracei, 
O fiz tão lentamente,
 acreditando que duraria mais tempo,
Eu só queria que o mundo me deixasse te ter,
que o abraço não tivesse que acabar;
E você me apertou mais forte,
Estávamos recomeçando algo que nem tinha terminado.
Senti teu cheiro,
e o arrepio percorreu de novo minha pele, 
Eu tinha você comigo,
E naquele momento eu era completamente seu,
Nem falamos nada.
Apenas sentia como aquilo era bom.

Mas sua voz veio a mim,
E eu não consegui falar nada,
E então senti de novo tua falta, enquanto se despedia.


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

Pareciam Urubus

O que eu vi eram urubus,
eles ficavam indo e vindo,
bicando, chutando, cutucando
observando, instigando, esperando,
voando, gritando, pousando,
remexendo, em toda aquela bagunça recém criada.
Não, não estavam errados,
Isso era o que eu via,
era apenas o que eu via;
animais ansiosos, agitados,
com seus gritos, e suas afobações,
que podiam ser confundidos com qualquer coisa,
dor, raiva, indignação,misericórdia,  satisfação, curiosidade...
Eu vi animais,
sobrevoando uma carcaça,
e eu me senti mal;
eles não viram nada,
apenas a vida sendo como sempre foi,
e provavelmente sempre será.
( E ficaram satisfeitos com isso)